"A divisão das raças de canários em canários de cor, de canto e de forma e postura é puramente artificial.
Não
são apenas os chamados canários de canto que cantam, não são apenas os
de cor que têm cor e não são apenas os de forma e postura que se
comportam de uma dada maneira no poleiro.
Trata-se, por isso, de uma divisão que serve os interesses da Ornitofilia mas está longe de corresponder a bases científicas.
Este
fato vai ainda mais longe visto que, dentro dos canários de cor a
divisão entre lipocrómicos e melânicos é também artificial e sem base
científica: o próprio canário selvagem possui pigmentos melânicos e
pigmentos lipocrómicos.
Seja como for, o certo é que, a nível mundial, quem fala em canários de posição e postura é entendido entre os criadores e quem fala em canários de cor ou de canto também.
Isto
porque das várias raças de canários de canto exige-se que tenham uma
maneira específica de cantar e que os de cor possuam determinadas
características.
Deste modo, o canário de forma e postura prevê que a sua forma é específica e que a sua posição no poleiro é também especial.
O
problema da forma exige estudos importantes, visto que nada se sabe da
relação entre as várias partes do corpo das aves. Na natureza existem
aves de pescoço longo e de pescoço curto, como aves de corpo largo e de
corpo delgado.
Não
acontece o mesmo nas canários, visto que, de um modo geral, as aves de
corpo largo possuem cabeça e pescoço largo, enquanto os canários
alongados possuem cabeça estreita e pescoço longo.
Deixaremos este tema para outros artigos e centremo-nos no problema das postura.
O modo como o canário se equilibra no poleiro coloca problemas tão profundos que não será possível expô-los num só artigo.
As variáveis são tantas que temos de eliminar algumas para colocarmos o problema de modo adequado.
Por tal motivo, procurei a colaboração de um engenheiro biólogo.
A grande questão é a seguinte: o que faz com que uma ave se coloque mais vertical ou mais horizontal no poleiro?
Todos
sabemos que o periquito australiano se mantém quase vertical no poleiro
e que o canário do Harz canta quase em posição horizontal.
Como dissemos, muitas variáveis se encontram em conflito: esqueleto, músculos, formato do corpo da ave, entre outros.
Existe ainda um elemento importante a tomar em linha de conta: o hábito ou o treino.
Na
verdade, enquanto os criadores de canários de postura mais vertical,
como è o caso do Yorkshire treinam as aves colocando cartões em volta da
gaiola para que a ave se estique para espreitar para fora, os criadores
de canários de Harz colocam cartões no teto da gaiola para a ave se
colocar o mais horizontal possível, com a intenção de emitir notas
graves, as mais apreciadas.
O estudo da posição dos canários no poleiro passa pela observação de vários fatores e pode ser feita através de algumas vias.
Assim,
pode promover-se o estudo através do esqueleto das diferentes raças,
observar a posição de outras aves na Natureza ou, mais sofisticado,
estudar o modelo no computador.
Para o primeiro estudo montamos esqueletos de Yorkshires e de canários de cor a fim der estudarmos a sua posição no poleiro.
A
fim de estabelecermos um programa de computador, promovendo a
realização de um modelo biológico, simplificamos, numa primeira
abordagem do estudo da posição dos canários, as várias e focalizamos a
atenção no esqueleto.
Sabemos que as aves da canela alta têm tendência para a verticalização.
Façamos uma breve revisão anatômica:
O
esqueleto do membro inferior do canário e das aves em geral não é
constituído como o dos mamíferos. O que parece ser a perna (que aparece
desplumada) é ainda parte do pé; os dois primeiros ossos do pé estão
fundidos num osso único a que se chama canela.
Assim,
nas aves como o canário, existem 3 dedos anteriores e 1 posterior;
segue-se a canela, depois a perna, depois a coxa que se articula nos
ossos da bacia.
Deste
modo, temos a considerar um ângulo entre os dedos e a canela, outro
entre a canela e a perna, outro entre a perna e a coxa e, por fim, a
articulação entre a coxa e o corpo.
Todo este complexo interfere na posição da ave quer pelos ângulos formados. Quer pelo comprimento dos segmentos.
De
todos estes elementos, o que se afigura de estudo mais importante é o
comprimento da canela que, como se sabe, varia segundo as raças.
Assim, o modelo que estudamos conta com duas variantes: o comprimento da canela e formato do corpo.
Este
estudo, que parece muito teórico, é de grande importância para a
afirmação da forma e posição da várias raças de canários e o Arlequim é,
sem dúvida, uma ave ideal para este estudo, visto que se deseja que
seja uma ave de canela alta e corpo ereto, mais de acordo com os antigos
canários criados pelos portugueses.
Esta forma, associada à poupa dá à ave uma sobranceria e vivacidade inigualáveis.
Enquanto
são feitos estes estudos, o que podemos aconselhar aos criadores é que
selecionem aves de canela alta o que, sem constituir uma garantia de
bons exemplares fornece já um elemento importante para a as criações
futuras.
A seu tempo, a revista Arlequim fornecerá elementos sobre estas experiências. "
Autor: Prof. Dr. Armando Moreno
by: http://arlequimportugues-canario.blogspot.pt
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